(Foto: Reprodução) Cianismo ocorre quando há perda dos pigmentos carotenoides
Fernando Igor de Godoy
O ornitólogo Fernando Igor de Godoy registrou em Campinas (SP) um tuim (Forpus xanthopterygius) com uma rara mutação genética conhecida como cianismo.
O fenômeno ocorre quando há perda dos pigmentos carotenoides, responsáveis por cores como amarelo, vermelho e laranja. Sem esses pigmentos, a ave passa a apresentar apenas a melanina, o que resulta em uma coloração azulada.
O avistamento aconteceu durante a observação de um bando com cerca de oito indivíduos. Em uma das imagens feitas por Fernando, quatro machos aparecem lado a lado. O indivíduo mais à esquerda chama atenção por exibir uma tonalidade azul intensa, bem diferente do padrão da espécie. “Normalmente, os machos de tuim apresentam azul restrito às asas e ao dorso”, explica o ele.
Tuim com cianismo foi registrado junto a outros indivíduos
Fernando Igor de Godoy
Casos de cianismo são considerados incomuns na natureza, mas ocorrem com maior frequência em psitacídeos, grupo que inclui araras, papagaios e periquito.
Segundo o ornitólogo, esse caso pode representar um raro exemplo de cianismo parcial ou até uma mutação que amplia a expressão do azul estrutural, possivelmente associada à ausência ou redução de pigmentos amarelos, o que evidencia ainda mais os tons azulados.
Fernando conta que, à distância, chegou a confundir a ave com uma saí-andorinha (Tersina viridis). “O azul brilhava no alto da árvore. Quando coloquei o binóculo e percebi que era um tuim, corri para fotografar”, conta. O ornitólogo já havia registrado outras mutações, como o leucismo, mas foi a primeira vez que observou um caso de cianismo.
Tuim com cianismo foi registrado junto a outros indivíduos
Fernando Igor de Godoy
O especialista também levantou a hipótese de contato com o corante azulado que vazou no rio Jundiaí no mês do registro e chegou a tingir capivaras e outros animais, mas a descartou. “Se fosse isso, provavelmente haveria outros indivíduos tingidos também”, explicou.
Sobre a ave
O tuim é a menor ave da família dos papagaios e periquitos no Brasil, medindo cerca de 12 cm e pesando, em média, 26 g.
Ele procura alimento tanto nas copas das árvores mais altas quanto em arbustos frutíferos, preferindo sementes à polpa das frutas. Entre suas árvores favoritas estão mangueiras, jabuticabeiras, goiabeiras, laranjeiras e mamoeiros.
A espécie nidifica em ocos de árvores, ninhos artificiais e cupinzeiros, e costuma aproveitar ninhos vazios de joão-de-barro e pequenos pica-paus.
O tuim pode ser encontrado do nordeste ao sul do Brasil, chegando ao Paraguai e à Bolívia, e também no alto Amazonas, alcançando Peru e Colômbia.
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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