Mutação rara deixa macho de príncipe com plumagem alaranjada e intriga pesquisadores
13/10/2025
(Foto: Reprodução) Príncipe (Pyrocephalus rubinus) registrado com mutação rara
Leonardo Casadei
Um registro recente de um príncipe (Pyrocephalus rubinus) com plumagem alaranjada chamou atenção de pesquisadores brasileiros por revelar uma mutação incomum entre aves.
Nas imagens, feitas em Mongaguá (SP) pelo biólogo Leonardo Casadei, é possível ver a diluição do carotenóide, pigmento responsável pelo tom vermelho intenso que caracteriza os machos da espécie.
Segundo o biólogo Guilherme Renzo Rocha Brito, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trata-se de uma mutação rara, que afeta a quantidade de pigmento depositado nas penas, sem aparentemente alterar sua composição ou causar mudanças comportamentais.
Príncipe (Pyrocephalus rubinus) registrado com mutação rara
Leonardo Casadei
“Ela não muda o tipo de pigmento, apenas a quantidade que é depositada. Por isso, o vermelho fica diluído, resultando nesse tom alaranjado”, explica Brito.
Estudos publicados por Hein van Grouw e Sergio Nolazco, em 2012, descreveram fenômenos semelhantes em indivíduos da mesma espécie no Peru, indicando que mutações ligadas à coloração por carotenóides são muito mais raras que aquelas associadas à melanina.
Enquanto o melanismo é relativamente comum e hereditário, a diluição de carotenóide tende a ocorrer de forma isolada, sem frequência populacional significativa.
Príncipe (Pyrocephalus rubinus) registrado com mutação rara
Leonardo Casadei
Apesar da aparência diferente, o biólogo ressalta que o fenômeno não compromete a saúde ou a sobrevivência da ave. “Aparentemente as aves sobrevivem normalmente. O que pode acontecer é uma diferença na capacidade de atrair ou conseguir pares reprodutivos, apesar de ser bem comum a reprodução de indivíduos de coloração aberrante em outras espécies”.
Para confirmar a origem da mutação, seria necessário o exame de tecidos do espécime, algo que ainda não foi possível. Brito descarta, no entanto, a hipótese de desgaste das penas. “Todas as penas pretas estão normais e íntegras. Isso reforça que se trata de uma mutação genuína, e não de envelhecimento ou variação natural”.
Casos como esse ajudam cientistas a entender melhor a genética das cores nas aves e seus possíveis impactos evolutivos. No caso do príncipe, a descoberta reforça como pequenas mudanças na deposição de pigmentos podem gerar grandes diferenças visuais, revelando o papel da genética até nas mais sutis nuances da natureza.
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