'Esquerdogata': influencer do interior de SP vendia rifas sem autorização nas redes sociais, diz MP
07/11/2025
(Foto: Reprodução) 'Esquerdogata': influencer realizava rifas pela internet sem autorização
A influenciadora Aline Bardy Dutra, mais conhecida como "Esquerdogata" e recentemente investigada por injúria racial contra policiais militares em Ribeirão Preto (SP), também foi alvo de uma apuração do Ministério Público pela realização ilegal de rifas pela internet.
A Promotoria apontou que a influencer vendia cada rifa por R$ 13 oferecendo diferentes prêmios aos seus milhares de seguidores (no vídeo abaixo ela oferecia uma TV de 70 polegadas). Segundo o MP, a prática vai contra a legislação brasileira, já que a influencer, entre outras falhas, não tinha autorização do Ministério da Fazenda para a realização dos jogos.
Como a influencer é ré primária, ou seja, nunca foi alvo de nenhum processo criminal na Justiça, a Promotoria propôs um acordo para que a influencer pague dez salários mínimos, o equivalente a R$ 15 mil, para que não seja denunciada em uma ação penal.
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"Rede social não é para tudo. Não é para fazer o que que quiser. Você não pode ter nas redes sociais crimes de ódio. Você não pode ter nas redes sociais um mecanismo só para ganhar dinheiro. A gente sabe que se tem um que ganha, tem centenas de milhares que perdem. Inclusive o jogo vicia, torna algumas pessoas doentes. Em razão disso, como ela tem bons antecedentes, nós resolvemos fazer para ela, já que a lei manda, uma proposta de transação penal", afirma o promotor Paulo Freire Teotônio.
A EPTV, afiliada da TV Globo, não obteve um posicionamento da defesa de Aline nesta sexta-feira.
A influenciadora Aline Bardy Dutra, de Ribeirão Preto (SP), conhecida como Esquerdogata
Redes sociais
Venda ilegal de rifa
As investigações no Ministério Público ocorreram a partir de abril deste ano, meses antes do episódio em que Aline foi gravada ofendendo policiais ao ser detida em Ribeirão Preto. Eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos estão entre os prêmios que eram sorteados aos seguidores.
Para isso, no entanto, ela precisaria cumprir uma série de requisitos legais, afirma o promotor. Segundo ele, durante as investigações, ela chegou a mencionar que, pelo fato de ser uma influenciadora digital, acreditava que poderia promover a rifa sem problemas.
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"Você precisa ter lastro econômico, você precisa ser pessoa jurídica, você precisa ter autorização de todos os mecanismos legais e precisa ter parte de reversão desses valores a instituições de caridade. Se não tem essa destinação para instituição de caridade, em si, já era algo que não era lícito", diz Teotônio.
Segundo o Ministério Público, práticas como essa podem ser enquadradas como contravenções penais.
"Se você explorar loteria, jogo sem ter autorização, você está cometendo um crime de menor potencial ofensivo. Por isso ele se chama contravenção penal. Para se fazer jogos online hoje, há uma série de exigências do Ministério da Fazenda."
'Esquerdogata' promovia rifas na internet sem autorização, diz Ministério Público.
Reprodução/EPTV
Os dez salários mínimos estabelecidos na transação penal, para que ela não seja formalmente denunciada, foram baseados na grande quantidade de seguidores que Aline tinha na época das investigações e no potencial de ganho que ela teve até então.
O promotor ressalta ainda que o MP não conseguiu apurar se houve o efetivo pagamento de Imposto de Renda referente aos ganhos por essas rifas, o que pode eventualmente motivar investigações na esfera federal.
"Precisamos ver se ela paga o Imposto de Renda, senão daria um crime até mais grave de competência da Justiça Federal, não seria nosso, mas a pessoa tendo mais de 500 mil seguidores, cobrando R$ 13 por um número de rifa, você imagina quanto que ela não fez em pouquíssimos dias para sortear duas televisões, um projetor, um curso de filosofia. É absurdo."
Caso ela não aceite a proposta, pode vir a ser alvo de uma ação penal, diz o promotor. "Ela pode ser denunciada para a justiça, vai responder a um processo criminal e pode ser condenada a posteriori."
Esquerdogata fazia rifas sem autorização nas redes sociais
'Esquerdogata' e o caso de injúria racial
Segundo boletim de ocorrência, durante uma fiscalização de trânsito na Rua Florêncio de Abreu, em 25 de agosto, Aline aproximou-se dos agentes questionando uma abordagem e filmando a ação. O registro cita que, durante a explicação dos policiais, a influenciadora interrompeu-os e começou a dizer que o procedimento era realizado por conta da cor preta do abordado.
Depois, a influenciadora se exaltou e começou a xingar a equipe. Por conta disso, ela foi colocada na viatura e algemada, mas ainda assim continuou com as ofensas, como mostram os vídeos.
"Onde você nasceu? No Quintino [bairro de Ribeirão Preto], né? Acha que você é Deus? Síndrome do pequeno poder. Você não tem conceito de classe", diz Aline em um dos trechos.
Em seguida, a influenciadora começa a bater no vidro da viatura e continua ofendendo os policiais.
"Falou o fascistinha. Chegou o fascistinha. O fascistinha que pega marmita na rua, né? Milícia."
Ao chegar à delegacia, Aline relata estar embriagada, profere novos xingamentos e zomba dos agentes.
Por conta disso, na Polícia Civil, Aline responde por desacato, resistência e injúria racial. Devido à repercussão das ofensas, ela perdeu milhares de seguidores. Além disso, moradores do bairro mencionado por ela no vídeo pediram uma retratação pública.
A influenciadora Aline Bardy Dutra é conhecida como Esquerdogata nas redes sociais Ribeirão Preto, SP
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