Deputado do PSOL pede que PGR investigue Eduardo Bolsonaro por coação, obstrução de Justiça e ameaça à democracia
10/07/2025
(Foto: Reprodução) Guilherme Cortez (PSOL) acusa Eduardo Bolsonaro (PL) de mobilizar governo dos EUA para pressionar autoridades públicas brasileiras para interferir em investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eduardo Bolsonaro divulga carta sobre tarifaço de Trump
O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) protocolou uma queixa-crime na Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de investigação criminal contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL).
No documento, Cortez diz que o parlamentar teria cometido os crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito. Ação ocorre após o tarifaço anunciado por Donald Trump contra o Brasil na quarta-feira (9).
No mesmo dia, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mandar uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciando uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Eduardo agradeceu a Trump. A postagem foi feita na plataforma Truth Social, rede utilizada por Trump para se comunicar com apoiadores.
A declaração do deputado licenciado se soma à reação da ala bolsonarista, que tenta atribuir ao governo Lula a responsabilidade pela deterioração das relações com os EUA. Do lado petista, o argumento é o oposto: a família Bolsonaro estaria promovendo ingerência estrangeira em processos do Judiciário brasileiro.
Eduardo Bolsonaro.
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Procurada, a assessoria de Eduardo informou que ele não vai se manifestar. Ele se licenciou do mandato e se mudou para os Estados Unidos. Eduardo é visto pela família Bolsonaro como um articulador com o governo Trump.
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Na representação, Cortez argumenta que Eduardo tem utilizado seus canais oficiais para atacar autoridades do Judiciário, especialmente o ministro do STF Alexandre de Moraes, em razão do andamento da ação penal que envolve seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Ao agradecer publicamente a Donald Trump pelas resoluções, o deputado declarou, em inglês, que 'a única maneira do Brasil se alinhar com o Ocidente é por meio da sanção de Moraes', em uma explícita tentativa de coagir o ministro Alexandre de Moraes, cuja atuação nos autos da referida ação penal lhe desagrada", diz o texto.
Segundo Cortez, essas declarações fazem parte de uma estratégia deliberada para mobilizar o governo norte-americano em defesa de interesses pessoais e familiares, o que teria culminado em sanções econômicas contra o Brasil. Ele pede que o MPF acione o STF sobre o caso.
Guilherme Cortez (PSOL) em sessão nesta quarta.
Reprodução/ Alesp
O presidente Lula respondeu às críticas de Trump citando a Lei de Reciprocidade Econômica como caminho legal para reagir às tarifas. Segundo ele, “o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.