Centro de Pesquisa da Unesp é destaque na reabilitação de animais silvestres
19/11/2025
(Foto: Reprodução) Centro é referência nacional no cuidado e na pesquisa com animais silvestres
Gabriel Corrêa de Camargo
Fundado em 2005, o CEMPAS (Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens) foi criado para atender à demanda regional no cuidado de animais silvestres, e hoje, com uma área aproximada de 7 mil metros quadrados, se consolidou como referência nacional no ramo. O local funciona como pronto-atendimento para animais silvestres, recebe casos de várias cidades e desempenha um papel central na preservação da fauna regional.
Além disso, foi o primeiro lugar do Brasil a disponibilizar um programa de pós-graduação em animais selvagens, criado em 2015, e que faz parte do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Assim, mais que um centro de tratamento, a unidade é um grande laboratório nacional de estudo e produção de pesquisa. Também é oferecido suporte a ‘’pets não convencionais’’, como papagaios, tartarugas, hamsters, entre outros.
As principais causas de atendimento são por atropelamento, ataque de animais domésticos, filhotes que se tornaram órfãos, queimaduras, resgates de tráfico de animais e maus tratos. As espécies atendidas são, na maioria aves, depois, mamíferos, e com menor recorrência os répteis, segundo Gabriel Corrêa de Camargo, médico-veterinário, pós-graduado em animais selvagens, que atua como responsável técnico do núcleo de recuperação de fauna.
Espécies silvestres recebem suporte médico após resgates
Gabriel Corrêa de Camargo
O encaminhamento médico de silvestres tem papel fundamental na conservação ambiental e no aprimoramento dos profissionais:
"A pesquisa é vista como essencial, pois sem pesquisa não existe conservação. É crucial conhecer os animais, as doenças, as técnicas, as lesões, a biologia e a nutrição. Os animais que estão internados servem de subsídio para o estudo, visando melhorar a medicina de animais silvestres, na biologia, nutrição, entendimento da anatomia e fisiologia e diagnósticos por imagem", diz Gabriel.
Os animais chegam ao centro normalmente levados pelas autoridades, como Polícia Ambiental, Bombeiros, Guarda Civil ou pela própria população. Logo após, passam por triagem de análise sobre suas condições. Caso estejam bem, já podem voltar ao habitat: "Por exemplo, caso uma onça entre em um galinheiro, o animal é anestesiado, por oferecer risco, e depois avaliado. Se estiver saudável, ela nem passa pelo CEMPAS. É imediatamente solta na natureza", explica o veterinário.
Estudos com animais internados ajudam a aprimorar técnicas de manejo e medicina
Gabriel Corrêa de Camargo
Quando há a necessidade de tratamento, o animal é encaminhado à unidade de reabilitação para atendimento. Após todo o cuidado, eles podem voltar à natureza ou, em casos em que a reintrodução não é possível, são encaminhados para cativeiros.
Ações de conscientização ambiental também são um pilar para o CEMPAS, que realiza atividades educativas para crianças e adolescentes em escolas, ou no próprio Centro, pensando no futuro da conservação.
Como ajudar um animal silvestre
A principal recomendação é sempre acionar as autoridades no caso de flagrante de animal ferido ou em risco. Um dos obstáculos enfrentados pelo Centro é a conscientização da população em relação aos filhotes de maritaca, que muitas vezes são retirados do ninho indevidamente. Com a destruição de habitats naturais e a expansão urbana, a espécie tem o costume de utilizar forros de construções civis para fazerem seus ninhos. Mesmo que o barulho possa gerar desconforto à população, a remoção dos filhotes dos ninhos diminui consideravelmente suas chances de sobrevivência, o que prejudica o equilíbrio ecológico, e também configura crime ambiental.
Além disso, a captura de um animal silvestre, mesmo que bem intencionada, pode trazer riscos como doenças ou acidentes. Contate a Guarda Civil Municipal (199), Bombeiros (193) ou Polícia Militar Ambiental (150).
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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